sexta-feira, 5 de maio de 2017

3º Ano 2º Bi - Sociologia - Matéria de teste, simulado e prova.

3.1. TEORIAS SOBRE A ORIGEM DO ESTADO
As concepções que destacaremos aqui se referem às várias idéias que alguns pensadores têm sobre o Estado, bem como, sua origem e suas características:
•      TEORIAS CONTRATUALISTA: Essas teorias foram elaboradas entre os séculos XVII e XVIII pelos pensadores iluministas: 
    Thomas Hobbes                     John Locke                  Jean-Jacques Rousseau
        (1588-1679)                           (1632-1704)                            (1712-1778)
Tais teorias surgem para tentar explicar como se fundam o Estado. Cindindo com o surgimento do Estado Moderno, o contratualismo refere-se a toda teoria política que vêem a origem da sociedade e o fundamento do poder político num contrato. Segundo Hobbes: “o homem é lobo do próprio homem” e para coexistir com os outros precisa da paz e da organização dentro de um Estado forte e absoluto.
O Estado é visto como organizador, controlador e defensor das leis e dos direitos individuais dos cidadãos, o Estado é construído pelos homens mediante um contrato. Para os contratualistas, os homens viviam inicialmente em um estado de natureza, ou seja, antes da fundação do Estado (concebido de forma diferente em cada teoria contratualistas), contrario a esse Estado de natureza seria o Estado de civilização, ou seja, com a fundação do Estado. 
As teorias contratualistas de Hobbes e Locke explicitam em comum a interpretação individualista, dado o contrato ser um ato firmado entre indivíduos conscientes e deliberados que abrem mão em parte ou em todo de seu arbítrio para que outrem o exerça. Esse é o exercício estatal, ao prescrever condutas que devem ser observadas e seguidas de forma heterônima e externa pelos indivíduos sob a sua tutela. O contrato, ou o consentimento, é a base do governo e da fixação dos seus limites.
De fato, a sociedade civil nasce quando, para uma melhor administração da justiça, os habitantes acordam entre si delegar esta função a determinados funcionários. Assim o governo é instituído por meio de um contrato social, sendo os seus poderes limitados, envolvendo obrigações recíprocas, sendo que estas obrigações podem ser modificadas ou revogadas pela autoridade que as conferiu.
A principal diferença entre esses teóricos é que, enquanto para Hobbes, o pacto concede o poder absoluto e indivisível ao soberano, para Locke o poder legislativo é poder supremo, ao qual deve se subordinar tanto o executivo (soberano) quanto o federativo (encarregado das relações exteriores) e, segundo Rousseau o poder supremo emana do povo através das leis por ele proposta e sancionada, e todo governante deve segui-la, se não substituído pelo próprio povo.
•   TEORIAS NÃO-CONTRATUALISTA: Segundo essas teorias, o Estado desde o princípio das primeiras civilizações está relacionado com as necessidades de cada sociedade, essa instituição política surgiu em muitos contextos históricos diferentes e por muitas razões: as necessidades da guerra, de administração das obras públicas, o aumento do tamanho e da diversidade da população, novos problemas que exigiam uma ação organizada da sociedade como um todo. O Estado tomava forma à maneira que grupos e indivíduos dentro da sociedade entendiam ser de seu interesse centralizar a autoridade, estabelecer métodos para solucionar disputas e empregar a força para a conformidade a algumas normas sociais.
Teoria de Aristóteles (384 – 322 a.c) – Origem familiar ou patriarcal: Para Aristóteles o homem é um animal político que vive em grupo e é naturalmente social. A própria família já é uma espécie de sociedade (sociedade doméstica), onde já surge uma autoridade, a quem cabe estabelecer as regras. Assim surge o Estado, pelo fato de ser o homem um animal naturalmente social, político, ele se organiza para o bem comum. O Estado provê, inicialmente, a satisfação daquelas necessidades materiais, negativas e positivas, defesa e segurança, conservação e engrandecimento, de outro modo irrealizáveis. Mas o seu fim essencial é espiritual, isto é, deve promover a virtude e, consequentemente, a felicidade dos súditos mediante a ciência.
Teoria natural – Origem em atos de força: Baseia-se na imposição de regras de um grupo por meio da coerção física. É a "lei do mais forte" típica do Estado de natureza. A natureza humana diferencia os seres dentro de suas condições naturais fisiológicas, assim muitas sociedades primitivas deram origem a suas organizações estatais. Quando a organização social se baseia no uso da força, da coerção por aqueles que são mais fortes fisicamente e impõe aos mais fracos suas ordens. 
Teoria Durkheimiana – Origem no desenvolvimento interno da sociedade: esta teoria é possível interpretá-la dentro dos estudos de solidariedade mecânica e orgânica do sociólogo Emile Durkheim. Localiza o aparecimento do órgão estatal como efeito da complexidade de relações sociais estabelecidas pelo homem. Com o desenvolvimento da sociedade simples para uma sociedade mais complexa, surge a necessidade de um conjunto de instituições que organize as relações sociais e suas complexidades.
6ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:
a)  – Cite as duas concepções (teorias) políticas sobre a origem do Estado.
b) – Que filósofos elaboraram a concepção contratualista sobre a origem do Estado?
c)  – Comente a teoria contratualista sobre a origem da sociedade e do Estado.
d) – Explique a principal diferença teórica entre Hobbes, Locke e Rousseau.
e)  – Explique a concepção não-contratualista da origem do Estado.
f)  – Como se explica a origem do Estado na teoria de Aristóteles.
g) – Explique a origem do Estado segundo a teoria natural.
h)  – Explique a teoria de Durkheim sobe a origem do Estado.

 

3.2. HISTÓRIA DO PENSAMENTO POLÍTICO

Ao longo da história muitos pensadores desenvolveram compreensões e reflexões relacionadas à questão política, tais pensamentos contribuíram para a organização política de muitas sociedades.

3.2.1. Pensamento político na antiguidade

Foi durante o processo de formação e organização das primeiras aglomerações urbanas da Grécia antiga, principalmente a de Atenas, que foi se formando uma estrutura social do tamanho de uma Cidade, mas com a complexidade de um Estado. Assim foi se formando a pólis (cidade-estado), ela é constituída pela acrópole, parte elevada em que se constrói o templo e também de onde se defende a cidade, e pela ágora, praça central destinada às trocas comerciais e na qual os cidadãos se reúnem para debater os assuntos da cidade, assim surge a política. Neste sentido, política, se refere à vida na pólis, ou seja, a vida em comum, às regras de organização dessa vida, aos objetivos da comunidade e as decisões sobre todos esses pontos. Política é cuidar das decisões sobre problemas de interesse da coletividade (da cidade-estado ou pólis).
A teoria política grega está voltada para a busca dos parâmetros do bom governo. Os pensadores gregos envolvem-se nas questões políticas do seu tempo e criticam os maus governos, pensava-se em um governo justo e uma cidade feliz. Isso significa que esses filósofos elaboram uma teoria política de natureza descritiva, já que a reflexão parte da análise da política de fato, mas também de natureza normativa e prescritiva, porque pretende indicar quais são as boas formas de governo.
Neste período a relação entre ética e política é evidente, na medida em que as questões do bom governo, do regime justo, da cidade boa dependem da virtude do bom governante. Outra característica típica das teorias políticas na antiguidade é a concepção cíclica da história, segundo a qual os governos se alteram do desenvolvimento a decadência, o que representa o curso fatal dos acontecimentos humanos. Por exemplo, quando a monarquia degenera em tirania, dá-se a reação aristocrática que, decaindo em oligarquia, gera a democracia e assim por diante. Entre os pensadores desse período podemos destacar: Sócrates, Platão e
Aristóteles.
PLATÃO (428 – 347 a.c)
A principal obra de Platão chama-se A República, para ele a política é a arte de governar as pessoas com seu consentimento e o político é aquele que conhece essa difícil arte, só poderá ser chefe quem conhece a ciência política. Por isso a democracia é inadequada, por desconhecer que a igualdade se dá apenas na repartição de bens, mas nunca no igual direito ao poder. Para o Estado ser bem governado, é preciso que “os filósofos se tornem reis, ou os reis se tornem filósofos”.
Dessa forma Platão propõe um modelo aristocrático de poder. No entanto, não se trata de uma aristocracia da riqueza, mas da inteligência, em que o poder é confiado aos melhores, ou seja, é uma “sofocracia” (poder dos sábios). Assim, as pessoas vítimas do conhecimento imperfeito, da “opinião”, devem ser dirigidas por aqueles que se distinguem pelo saber.
7ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:
a)  – Como surge a política na Grécia Antiga e a que ela se refere?
b) – Para que está voltada a teoria política grega?
c)  – Como era a relação ética e politica na Grécia antiga?
d) – Explique a concepção cíclica da história na teoria política grega.
e)  – Cite os principais pensadores políticos da Grécia antiga.
f)  – Qual a principal obra de Platão e o que é política para ele?
g) – Segundo Platão qual o modelo de poder seria o mehor para um bom governo?
h)  – O que é sofocracia?

3.2.2. Pensamento político medieval

Na Idade Média o pensamento político se cruza com o cristianismo da Igreja católica, há uma relação forte entre política (razão) e teologia (fé), sendo que a política estava submetida aos princípios da moral cristã, predominando assim uma concepção negativa do Estado, que é o governo dos homens, logo sendo a natureza humana sujeita ao pecado e ao descontrole das paixões, o que exige vigilância constante, caberia ao Estado o papel de intimidação para todos agirem corretamente. Daí a estreita ligação entre política e moral, que exige a formação do governante justo, não-tirânico, capaz por sua vez de obrigar a todos à obediência aos princípios da moral cristã.
A partir dessa concepção religiosa subjacente, na Idade Média configuram-se duas instâncias de poder; a do Estado e da Igreja. A natureza do Estado é secular, temporal, voltado para as necessidades humanas, e sua atuação se caracteriza pelo exercício da força física. A Igreja é de natureza espiritual, voltada para os interesses da salvação da alma, e deve encaminhar o rebanho para a religião por meio da educação e da persuasão.
Neste período, os teóricos políticos elaboraram um trabalho teórico apologético (discurso e louvor em defesa do cristianismo) e dogmático (verdade absoluta e inquestionável), isso ocorreu através de adequação da filosofia política grega (Platão e Aristóteles) com a verdade teológica do cristianismo medieval (Santo Agostinho e Santo Tomas de Aquino), onde buscava justificar a teocracia (poder de Deus) sobre todas as outras formas de poder ou governo.
8ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:
a)  – Como era o pensamento político na Idade Média?
b) – Diferencie as instâncias de poder do Estado e da Igreja durante a Idade Média.
c)  – Como os teóricos políticos elaboraram suas teorias?
d) – O que é teocracia?

3.2.3. Pensamento político na idade moderna
No período moderno algumas mudanças foram fundamentais para o desenvolvimento de novas teorias políticas: a reforma protestante contribuiu para o rompimento das verdades inquestionáveis da Igreja Católica o que abalou o seu poder político dentro da sociedade medieval; as grandes navegações proporcionou o enriquecimento dos comerciantes burgueses que não concordavam muito com as doutrinas da igreja católico sobre a questão do enriquecimento e do lucro, bem como, tais comerciantes pretendiam aumentar seus negócios lucrativos. O Estado Monárquico estava em plena formação. Dentro desse contexto podemos destacar as obras de Montesquieu e Nicolau Maquiavel.
MONTESQUIEU (1689 – 1755)
 A sua mais importante obra é o “Espírito das leis”, trata das instituições e das leis, numa acepção ampla, Montesquieu reconhece a importância das leis como um sistema universal, a natureza segue suas leis, a força divina também tem suas leis, assim também a sociedade. 
Para Montesquieu, as leis da organização social tem a ver com Deus, estando ligados pelo vinculo da moral e da religião, bem como pela natureza – não somos sujeitos apenas às leis do Estado. Obedecemos também às leis divinas, às leis da natureza física.
Neste sentido Montesquieu propõe a divisão dos três poderes independentes com objetivo de evitar o arbítrio e a violência:
Executivo – responsável em cumprir as leis;
Legislativo – responsável em elaborar as leis;
Judiciário – responsável em garantir o cumprimento das leis.
Para Montesquieu somente assim o poder estará descentralizado e equilibrado na sociedade, pois: “só o poder freia o poder”.

MAQUIAVEL (1469 – 1527) 
 É considerado um dos fundadores da ciência política, sua principal obra é: O Príncipe. Para Maquiavel, o príncipe (político) age em nome do bem comum, por isso, suas ações não devem ser avaliadas por uma ética ou moral cristã típica da época medieval, mas pela ação política enquanto vontade de seu povo, por isso, o príncipe (político) deve usar de todos os meios para atingir o fim, ou seja, tudo que necessário para atender a necessidade de sua nação (do povo, do bem comum). O príncipe de Maquiavel não é bom nem mau apenas um político em defesa da soberania e manutenção do seu Estado. Apresenta três categorias elementares de maneiras necessárias para a conquista e a manutenção do poder e que formam um conjunto de ação política:
Virtu – é aquele que apresenta características especiais como inteligência, talento, coragem, etc. suas próprias armas tem capacidade de perceber o jogo de força da política, conquistando e mantendo o poder, pode ser bom e justo ou cruel e violento dependendo da necessidade para o bem comum.
Fortuna – é a ocasião, acaso, o momento de ser precavido, oportuno (não oportunista), por isso, virtu e fortuna se combinam.
Velhacaria – atitudes necessárias para a conquista e manutenção do poder como traição, manipulação, promessas, persuasão.
É por tudo isso, que os leitores de Maquiavel, afirmam que em suas obras podemos interpretar que: “os fins justificam os meios”.
9ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:
a)  – Como os teóricos da Idade Moderna viviam este contexto histórico?
b) – Qual a principal obra de Montesquieu e o que ele reconhece em sua teoria?
c)  – Como Montesquieu analisa as Leis?
d) – Como Montesquieu divide os poderes na sociedade?
e)  – Segundo Montesquieu, qual o objetivo da divisão dos poderes na sociedade?
f)  – Qual a principal obra de Maquiavel e como deve agir um político (príncipe)?
g) – Por que o Príncipe de Maquiavel não é bom nem mau?
h)  – Cite e explique os três elementos para a conquista e manutenção do poder e que formam o conjunto da ação política segundo Maquiavel.
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3.2.4. Pensamento político contemporâneo
A partir do século XVIII as transformações socioeconômicas e político-ideológico aceleraram as sociedades modernas ou pós-modernas se organizavam baseada em estruturas legais e racionais onde as dicotomias entre consenso e conflito representavam a nova dinâmica deste contexto histórico. O mundo se globalizou e se modernizou, as organizações políticas adaptaram-se em um mundo dinamizado pelo capitalismo técnico-industrial e suas diversas faces.
O pensamento político deste período mergulhou nas mais imensuráveis questões brotadas do amago de sociedades que buscam perpetuar de forma organizada e aperfeiçoando seus sistemas políticos institucionais.  Neste sentido o pensamento político encontra-se em lacunas abismosas criadas pelos próprios seres humanos: as dificuldades e tentações de lidar com o poder e suas instituições políticas geram desequilíbrio e incertezas. Dos vários teóricos deste período vamos destacar apenas: Max Weber e Michel Foucault.
MAX WEBER (1864 – 1920)
Em sua teoria política Max Weber relaciona a política à dominação, neste sentido ele diz, a dominação é um estado de coisas pelo qual uma vontade manifesta (mandato) do dominador ou dos dominadores influi sobre os atos de outros (do dominado ou dos dominados), de tal modo que, em um grau socialmente relevante, estes atos têm lugar como se os dominados tivessem adotado por si mesmos e como máxima de sua ação o conteúdo do mandato (obediência). Assim destaca-se três tipos de dominação legitima justificadas por motivos (fontes) de submissão ou princípios de autoridades distintas:
*              Racional-legal – se baseia na racionalidade das leis, é um empreendimento contínuo de funções públicas, empreendimento este que envolve regulamentos e registros escritos, bem como um corpo de funcionários especializados. A dominação legal apresenta como característica a noção mais ou menos disseminada de direito. Weber focaliza o problema de que a autoridade dos governantes, baseada na legalidade, é limitada pela ordem impessoal do direito, e que os governados (cidadãos) só devem obediência a essa ordem impessoal. A mais típica forma de domínio legal é a burocracia.
*              Tradicional – é baseado na autoridade pessoal do governante, investida por força do costume, é uma autoridade discricionária, não submetida a princípios fixos e formais. Pertencem ao domínio tradicionais tipos de dominação gerontocrática, tais como patrimonialismo, patriarcalismo, sultanismo.
*              Carismático – é baseado no carisma (emoção), qualidade tida como excepcional de liderança, que se manifesta como uma espécie de magnetismo pessoal mágico e que leva a pessoa carismática a ter certa preponderância sobre as demais. Assim o carisma pode estar presente num demagogo ou num ditador, num herói militar ou num líder revolucionário. É o carisma encarnado na pessoa do chefe que leva os liderados a se entregar emocionalmente a essa liderança pessoal.
Para Weber, o Estado é uma instituição social que mantém o monopólio do uso legitimo da força física dentro de determinado território, para que este estado exista é preciso que sua autoridade seja reconhecida como legitima. Neste sentido, o Estado é definido por sua autoridade para gerar e aplicar poder coletivo. Como acontece com todas as instituições sociais, o Estado é organizado em torno de um conjunto de funções sociais, incluindo manter a lei, a ordem e a estabilidade, resolver vários tipos de litígios através do sistema judiciário, cobrar impostos, censo, identificação e registro da população, alistamento militar, encarrega-se da defesa comum e cuidar do bem-estar da população de maneira que estão além dos meios do indivíduo, tal como implementar medidas de saúde pública, prover educação de massa etc. 
FOUCAULT (1926 – 1984)
Michel Foucault, em sua obra “Vigiar e punir”. Busca estudar as relações de poder fora da concepção do Estado. Para ele o poder não seria propriedade de uma classe que o teria conquistado. Para Foucault, o poder acontece em termos de relações de poder. Segundo ele, a anatomia política desenvolve seus efeitos segundo três direções privilegiadas: o poder, o corpo e o saber.
O poder estar nas relações sociais, através da micro-física do poder manifestada na disciplina dos regulamentos, controles cotidianos, cada vez mais minuciosos e austeros, disseminados nas diversas relações pessoais, onde as pessoas refletem toda a estrutura de dominação, passando a serem seus próprios algozes: o professor sobre o aluno, o diretor sobre o professor, o vigia sobre visitante, o pai sobre o filho, irmão mais velho sobre mais novo, policia sobre o suspeito, etc.
Estamos sempre diante de mecanismos que transforma os corpos obedientes, uteis, exercitados para o trabalho e inertes politicamente. 
As ordens não precisam ser entendidas, apenas decodificadas. Todos devem ser dóceis, subordinados e se entregar aos exercícios para conseguir a gratificação de estar entre os melhores. 
Esta é a sociedade do controle – onde a lei proíbe, isola e outras instituições domesticam, adestram funcionam como meios de dominação. São instrumentos tão aperfeiçoados de transformação e ação sobre os indivíduos como a escola, o exército ou o hospital. Não é mais necessário impor penas e sanções aos vigiados para obter bom comportamento; basta o temor de ter todos seus atos vistos e analisados. O indivíduo torna-se seu próprio "carrasco". 
10ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:
a)  – Comente o contexto histórico contemporâneo para o surgimento de novas teorias políticas.
b) – Comente a relação política e dominação segundo Weber.
c)  – Cite e explique os três tipos de dominação legitima segundo Weber.
d) – Para, Weber o que é Estado e quais suas funções?
e)  – Qual a principal obra de Foucault e como ele analisa a questão do poder?
f)  – Explique como funciona a micro-física do poder segundo Foucault?

g) – Segundo Foucault, o que é a sociedade do controle? 

2º Ano 2º Bi - Sociologia - Matéria de teste, simulado e prova

3.1. FORMAÇÃO DA CULTURA BRASILEIRA

A cultura brasileira reflete os vários povos que constituem a demografia desse país sul-americano: indígenas, europeus, africanos, asiáticos, árabes, etc. como resultado da intensa miscigenação e convivência dos povos que participaram da formação do Brasil surgiu uma realidade cultural peculiar, que inclui aspectos das várias culturas.
O substrato básico da cultura brasileira formou-se durante os séculos de colonização, quando ocorre a fusão primordial entre as culturas fundamentais da formação cultural brasileira como a dos indígenas, dos europeus, especialmente portugueses, e dos escravos trazidos da África subsahariana. A partir do século XIX, a imigração de europeus não-portugueses e povos de outras culturas, como árabes e asiáticos, adicionou novos traços ao panorama cultural brasileiro. Também foi grande a influência dos grandes centros culturais do planeta, como a França, a Inglaterra e, mais recentemente, dos Estados Unidos, países que exportam habitantes e produtos culturais para o resto do globo.
4ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:
a)  – Explique como ocorreu a formação da cultura brasileira?
b) – Cite alguns povos que contribuíram na formação cultural brasileira.
c)  – Em que período da história do Brasil se iniciou o substrato básico de nossa cultura?
d) – Quais são as culturas fundamentais que influenciaram e alicerçam basicamente a cultura brasileira?
e)  – O que aconteceu a partir do século XIX na formação cultural brasileira?
f)  – Que países mais influenciam atualmente na cultura brasileira?

3.2. OS PORTUGUESES

Dentre os diversos povos que formaram o Brasil, foram os europeus aqueles que exerceram maior influência na formação da cultura brasileira, principalmente os de origem portuguesa.
Durante século XV o território foi colonizado por Portugal, o que implicou a transplantação tanto de pessoas quanto da cultura da metrópole para as terras sul-americanas. O número de colonos portugueses aumentou muito no século XVIII, na época do ciclo do ouro. Em 1808, a própria corte de D. João VI mudou-se para o Brasil, um evento com grandes implicações políticas, econômicas e culturais. 
A mais evidente herança portuguesa para a cultura brasileira é a língua portuguesa, atualmente falado por virtualmente todos os habitantes do País. A religião católica, credo da maioria da população, é também decorrência da colonização. O catolicismo, profundamente arraigando em Portugal, legou ao Brasil as tradições do calendário religioso, com suas festas e procissões. As duas festas mais importantes do Brasil, o carnaval e as festas juninas, foram introduzidos pelos portugueses. Além destas, vários folguedos regionalistas como as cavalhadas, o bumba meu boi, o fandango e a farra do boi denotam grande influência portuguesa. No folclore brasileiro, são de origem portuguesa a crença em seres fantásticos como a cuca, o bicho-papão e o lobisomem, além de muitas lendas e jogos infantis como as cantigas de roda.
Na culinária, muitos dos pratos típicos brasileiros são o resultado da adaptação de pratos portugueses às condições da colônia. Um exemplo é a feijoada brasileira, resultado da adaptação dos cozidos portugueses. Também a cachaça foi criada nos engenhos como substituto para a bagaceira portuguesa, aguardente e derivada do bagaço da uva. Alguns pratos portugueses também se incorporaram aos hábitos brasileiros, como as bacalhoadas e outros pratos baseados no bacalhau. Os portugueses introduziram muitas espécies novas de plantas na colônia, atualmente muito identificadas com o Brasil, como a jaca e a manga.
De maneira geral, a cultura portuguesa foi responsável pela introdução no Brasil colônia dos grandes movimentos artísticos europeus: renascimento, maneirismo, barroco, rococó e neoclassicismo. Assim, a literatura, pintura, escultura, música, arquitetura e artes decorativas no Brasil colônia denotam forte influência da arte portuguesa, por exemplo nos escritos dos jesuítas luso-brasileiro padre Antônio Vieira ou na decoração exuberante de tália dourada e pinturas de muitas igrejas coloniais. Essa influência seguiu após a independência, tanto, na arte popular como na arte erudita.
5ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:
a)  – Que país europeu mais influenciou na formação cultural brasileira?
b) – Cite e explique as principais influências portuguesas na formação cultural brasileira na religião, no folclore, lendas, jogos, infantis e culinária.
c)  – Explique como ocorreu a colonização do território brasileiro por Portugal?
d) – Qual a mais evidente herança portuguesa para a cultura brasileira?
e)  – Qual origem da cachaça na cultura brasileira?
f)  – Cite e explique a influência literária e artística na formação cultural do Brasil?
3.3. OS INDÍGENAS
A colonização do território brasileiro pelos europeus representou em grande parte a destruição física dos indígenas através de guerras e escravidão, tendo sobrevivido apenas uma pequena parte das nações indígenas originais. A cultura indígena foi também parcialmente eliminada pela ação da catequese e intensa miscigenação com outras etnias. Atualmente, apenas algumas poucas nações indígenas ainda existem e conseguem manter parte da sua cultura original. 
A cultura e os conhecimentos dos indígenas sobre a terra foram determinantes durante a colonização, influenciando a língua, a culinária, o folclore e o uso de objetos caseiros diversos como a rede de descanso. Um dos aspectos mais notáveis da influencia indígena foi a chamada língua geral (língua geral paulista, Nheengatu), uma língua derivada do Tupi-Guarani com termos da língua portuguesa que servil de língua franca no interior do Brasil até meados do século XVIII, principalmente nas regiões de influência paulista e na região amazônica. O português brasileiro guarda, de fato, inúmeros termos de origem indígena, especialmente derivados do Tupi-Guarani. De maneira geral, nomes de origem indígena são frequentes na designação de animais e plantas nativos (jaguar, capivara, ipê, jacarandá, etc.), além de serem muito frequentes na toponímia por todo o território.
A influência indígena é também forte no folclore do interior brasileiro, povoado de seres fantásticos como o curupira, o saci-pererê, boitatá e a iara. Na culinária brasileira, a mandioca, a erva-mate, o açaí, a jabuticaba, inúmeros pescados e outros frutos da terra, além de pratos como os pirões, entraram na alimentação brasileira por influência indígena. Essa influencia se faz mais forte em certas regiões do país, em que esses grupos conseguiram se manter mais distantes da ação colonizadora, principalmente em porções da região norte do Brasil.
6ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:
a)  – Explique as consequências da colonização europeia sobre os povos indígenas.
b) – Explique a influência da língua indígena na formação cultural do Brasil.
c)  – Explique a influencia indígena no folclore brasileiro.
d) – Cite a influencia da culinária indígena na cultura brasileira.
e)  – Em que regiões do Brasil se têm a maior influência cultural do povo indígena?

3.4. OS AFRICANOS

A cultura africana chegou ao Brasil com os povos escravizados trazidos da África durante o longo período em que durou o tráfico negreiro transatlântico. A diversidade cultural da África refletiu-se na diversidade dos escravos, pertencentes a diversas etnias que falavam idiomas diferentes e trouxeram tradições distintas. Os africanos trazidos ao Brasil incluíram bantos, nagôs e jejes, cujas crenças religiosas deram origem às religiões afro-brasileiras, e os hauçás e malês, de religião islâmica e alfabetizados em árabe. Assim como a indígena, a cultura africana foi geralmente suprimida pelos colonizadores. Na colônia, os escravos aprendiam o português, eram batizados com nomes portugueses e obrigados a se converter ao catolicismo.
Os africanos contribuíram para a cultura brasileira em uma enormidade de aspectos: dança, música, religião, culinária e idioma. Essa influência se faz notar em grande parte do país; em certos Estados como Bahia, Maranhão, Pernambuco, Alagoas, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul a cultura afro-brasileira é particularmente destacada em virtude da migração dos escravos.
Os bantos, nagôs jejes no Brasil colonial criaram o candomblé, religião afro-brasileira baseada no culto aos orixás praticada atualmente em todo o território. Largamente distribuída também é a umbanda, uma religião sincrética que mistura elementos africanos com o catolicismo e o espiritismo, incluindo a associação de santos católicos com os orixás.
A influência da cultura africana é também evidente na culinária regional, especialmente na Bahia, onde foi introduzido o dendezeiro, uma palmeira africana da qual se extrai o azeite de dendê. Este azeite é utilizado em vários produtos de influências africanas como o vatapá, o caruru e o acarajé.
Na música a cultura africana contribui com os ritmos que são a base de boa parte da musica popular brasileira. Gêneros musicais coloniais de influência africana, como o lundu, terminaram dando origem à base rítmica do maxixe, samba, choro, bossa-nova e outros gêneros musicais atuais. Também a alguns instrumentos musicais brasileiros, como o berimbau, o afoxé e o agogô, que são de origem africana. O berimbau é o instrumento utilizado para criar o ritmo que acompanha os passos da capoeira, mistura de dança e arte marcial criada pelos escravos no Brasil colonial.
7ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:
a)  – Explique como a cultura africana chegou ao Brasil?
b) – Explique como a cultura indígena e africana foram suprimidas pelos colonizadores?
c)  – Quais os principais Estados brasileiros onde se tem a maior influência da cultura africana?
d) – Explique a influência religiosa da cultura africana na sociedade brasileira.
e)  – Explique a influência da culinária africana na cultura brasileira.
f)  – Explique a influência da música e de instrumentos musicais africanos na cultura brasileira.

3.5. OS IMIGRANTES

A maior parte da população brasileira no século XIX era composta por negros e mestiços. Para povoar o território, suprir o fim da mão-de- obra escrava mas também para “branquear”  a população e cultura brasileiras, foi incentivada a imigração da Europa para o Brasil durante os séculos XIX e XX. Dentre os diversos grupos de imigrantes que aportaram no Brasil, foram os italianos que chegaram em maior número, quando considerada a faixa de tempo entre 1870 e 1950. Eles se espalharam desde o Sul de Minas Gerais até o Rio Grande do Sul, sendo a maior parte na região de São Paulo. A estes se seguiram os portugueses, com quase o mesmo número que os italianos. Destacaram-se também os alemães, que chegaram em um fluxo continuo desde 1824. Esses se fixaram primariamente na região sul do Brasil, onde diversas regiões herdaram influências germânicas desses colonos.
Os imigrantes que se fixaram na zona rural do Brasil meridional, vivendo em pequenas propriedades familiares (sobretudo alemãs e italianos), conseguiram manter suas costumes do país de origem, criando no Brasil uma cópia das terras que deixaram na Europa. Alguns povoados fundados por colonos europeus mantiveram a língua dos seus antepassados durante muito tempo. Em contrapartida, os imigrantes que se fixaram nas grandes fazendas e nos centros urbanos do Sudeste (portugueses, italianos, espanhóis e árabes), rapidamente se integraram na sociedade brasileira, perdendo muitos aspectos da herança cultural do país de origem. A contribuição asiática veio com a imigração japonesa, porém de forma mais limitada.
De maneira geral, as vagas de imigração europeia e de outras regiões do mundo influenciaram todos os aspectos da cultura brasileira. Na culinária, por exemplo, foi notável a influência italiana, que transformou os pratos de massa e a pizza em comida popular em quase todo o Brasil. Também houve influência na língua portuguesa em certas regiões, especialmente no Sul do Território. Nas artes eruditas a influência europeia imigrante foi fundamental, através da chegada de imigrantes capacitados em seus países de origem na pintura, arquitetura e outras artes.
8ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:
a)  – Explique como ocorreu o processo de migração europeia para o território brasileiro?
b) – Quais foram os principais grupos de imigrantes europeus e onde basicamente eles se instalaram colônias no território brasileiro?
c)  – O que aconteceu com os imigrantes que se fixaram na zona rural do Brasil meridional?
d) – O que aconteceu com os imigrantes que se fixaram nas grandes fazendas e nos centros urbanos do Sudeste brasileiro?
e)  – Cite e explique a influencias das culturas dos povos imigrantes na cultura brasileira como na culinária e artes.

4.1. CULTURA ERUDITA e CULTURA POPULAR

Ao analisar o “Renascimento”, movimento cultural surgido no norte da Itália, nos séculos XIV e XV, percebemos que ele estava ligado a uma determinada parcela da população da Europa: a burguesia.
A burguesia era formada por comerciantes que tinham como objetivo principal o lucro, através do comércio de especiarias vindas do oriente. Esse segmento da sociedade conquistou não apenas novos espaços sociais e econômicos, mas também procurou resgatar ou fazer renascer antigos conhecimentos da cultura greco-romana. Daí o nome Renascimento.
A burguesia não só assimilou esses conhecimentos como, ainda, acrescentou outro, ampliando o seu universo cultural. Por exemplo, ao tentar reviver o teatro de Sófocles e Eurípedes (que viveram na Grécia antiga), os poetas italianos do século XVI substituíram a simples declaração pela recitação contada dos textos acompanhada por instrumentos musicais. Dessa forma, acabaram por criar um novo gênero a “ópera”.
Desde a sua origem, a burguesia preocupou-se com a transmissão desse conhecimento a seus pares. A partir daí, então, foram surgindo instituições como as universidades, as academias e as ordens profissionais (advogados, médicos, engenheiros e outros). Com o passar dos séculos e com o processo de escolarização, a cultura dessa elite burguesa tomou corpo, desenvolveu-se com base em técnicas racionalistas e científicas. Surgiu assim a cultura erudita.
Essa cultura “erudita”, ou “superior”, também designada de “elite”, foi se distanciando da cultura, da maioria da população, pois era feita pela e para a burguesia. Por isso, ao pensarmos em cultura erudita, imediatamente concluímos que seus produtores fazem, parte de uma elite política, econômica e cultural que pode ter acesso ao saber associado à escrita, aos livros, ao estudo.
A cultura popular, por sua vez, mais próxima do senso comum e mais identificada com ele, é produzida e consumida pela própria população, sem necessitar de técnicas racionalizadas e científicas. É uma cultura em geral transmitida oralmente, registrando as tradições e os costumes de um determinado grupo social. Da mesma forma que a cultura erudita, a cultura popular alcança formas artísticas expressivas e significativas.
Vale ressaltar que, ao afirmar que os produtores da cultura erudita fazem parte de uma elite não significa dizer que essa cultura seja homogênea, é impossível definir cultura erudita, porque não podem ser homogeneizados os elementos culturais produzidos por intelectuais, fazendeiros, empresários, burocratas, etc. porém, é igualmente impossível definir cultura popular, dada as populações culturais diferenciadas de camponeses, operários, classe média baixa, etc.
De qualquer forma, não podemos perder de vista que o espaço reservado na sociedade para cada uma das duas culturas é bastante diferenciado, este é um dos aspectos que diferencia essas duas culturas: enquanto a cultura erudita é transmitida pela escola e confirmada pelas instituições (governo, religião, economia), a cultura popular não é oficial, é a do povo comum, ela expressa sua forma simples de conceber a realidade.
Não devemos esquecer que a cultura é dinâmica, por isso, tanto a cultura popular quanto a cultura erudita estão sempre, com maior ou menor intensidade, incorporando e reconstruindo novos elementos culturais sem perder a sua essência expressiva.
9ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:
a)  – Explique a relação entre Renascimento e burguesia.
b) – Explique por que a origem da cultura erudita está relacionada à burguesia?
c)  – O que é cultura erudita?
d) – O que é cultura popular?     
e)  – Qual o principal aspecto que diferencia a cultura popular da erudita?

 

4.2. CULTURA DE MASSA e INDÚSTRIA CULTURAL

A partir do final do século XX, a industrialização em larga escala atingiu, também, os elementos da cultura erudita (pertence a uma elite que pode ter acesso ao saber associado à escrita, aos livros, ao estudo) e da cultura popular (aquela de senso comum produzida e consumida pela própria população, sem necessita de técnicas racionalizadas e científicas, transmitida oralmente, registrando as tradições e os costumes de um determinado grupo social), dando inicio à “indústria cultural”.
O incessante desenvolvimento da tecnologia, tornando-a cada vez mais sofisticada, principalmente nos meios de comunicação (fotografia, disco, cinema, rádio, televisão, etc.), passou a atingir um grande número de pessoas, dando origem à “cultura de massa”.
Ao contrário das culturas erudita e popular, a cultura de massa não está ligada a nenhum grupo social especifico, pois é transmitida de maneira industrializada, para um público generalizado, de diferentes camadas socioeconômicas. O que temos, então, é a formação de um enorme mercado de consumidores em potencial, atraídos pelos produtos oferecidos pela indústria cultural. Esse mercado constitui, no que chamamos de “sociedade de consumo”. 
Com a industrialização dos elementos da cultura erudita e da popular, o produto cultural irá se apresentar de uma forma esteticamente nova e diferente. Podemos tomar como exemplo a gravação de uma sinfonia de Beethoven executada com o auxilio de sintetizadores e outros aparelhos de alta tecnologia, cujo ritmo e som diferentes, quase original uma nova obra. 
A indústria cultural, utilizando-se dos meios de comunicação, primeiramente lança seu produto em grande quantidade (milhares, milhões de discos, por exemplo) e depois induz as pessoas a consumirem esse produto, apelando para outras razões além de seu valor artístico.
A cultura de massa, ao divulgar através dos MDCM produtos culturais de diferentes origens (erudita ou popular), possibilita o seu conhecimento por diferentes camadas sociais, criando também um campo estético próprio e atraente voltado para o consumo generalizado da sociedade.
10ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:
a)  – O que é indústria cultural?
b) – O que é cultura de massa?
c)  – Por que a cultura de massa não está ligada a cultura erudita e nem à cultura popular?
d) – Explique como os MDCM contribuem para a indústria cultural e a cultura de massa?
e)  – O que significa a sigla MDCM? Cite exemplos.

 

4.3. M.D.C.M. – INSTRUMENTOS DE PODER

Vivemos nessa era interligada em que pessoas de todo o planeta participam de uma única ordem informacional uma situação que é, em grande parte, resultado do alcance internacional das comunicações modernas. As transformações na mídia ou nas comunicações de massa contribuem radicalmente na alteração da vida das pessoas e suas relações no meio sociocultural.
Quando se fala em mídia de massa ou comunicação de massa está se referindo a uma ampla variedade de formas de meios de comunicação que abrange um volume de audiência enorme e que envolve milhões de pessoas em toda uma sociedade moderna e globalizada como a nossa. São m.d.c.m.: a televisão, os jornais, o cinema, as revistas, o rádio, a publicidade, vídeos games, CDs, internet, celulares e etc.
A mídia de massa não pode mais ser vista como um simples meio de entretenimento, como se fosse algo que não interferisse na vida das pessoas; as comunicações de massa são instrumentos de informação que influência em nossa forma de pensar e agir, atingindo o comportamento individual, social, cultural e institucional; como o caso da alteração de valores sociais dos jovens, as banalidades de questões sociais (pobreza, desemprego, violência, corrupção) e a opinião pública (posicionamento reflexivo e prático das pessoas em determinadas situações especificas sobre questões socioeconômicas, política-jurídico e cultural-ideológica).
Os donos dos M.D.C.M. são os novos donos de um poder moderno e tecnológico, pois eles têm em suas mãos instrumentos que podem influenciar, controlar, manipular ou interferir nas estruturas sociais, seja nas instituições sociais, econômicas ou políticas; a mídia de massa tem dono, são grupos de pessoas que vivem de lucro, logo suas empresas estão a serviço de seus interesses, que com certeza não é o da sociedade como um todo. Os mdcm são os parceiros número um do capitalismo. A mídia exerce seu poder de uma forma ideológica, camuflando suas intenções através de várias apresentações de marketing sistematicamente e intensivamente até “inculca” na cabeça das pessoas perspectivas alheias aos seus próprios interesses isso acontece dentro de comerciais, novelas, filmes, desenhos, programas, séries, telejornais ou jornais escritos, revistas, rádios e etc. Quase imperceptível, principalmente aos olhos e ouvidos de pessoas sem instrução intelectual.
11ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:
a)  – O que é viver em uma era de ordem informacional?
b) – O que se entende por mídia de massa ou comunicação de massa?
c)  – Explique por que as mídias de massa ou os meios de comunicação não podem ser mais vistos como um simples meio de entretenimento?
d) – Quem são os novos donos do poder nesta sociedade da informação?
e)  – Explique como funciona o poder da mídia de massa sobre a sociedade?

4.4. M.D.C.M: “APOCALÍPTICOS” x “INTEGRADOS” 
Os teóricos se divergem quando se fala da influência dos m.d.c.m na sociedade, existem os apocalípticos, que são autores que criticam os meios de comunicação de massa e, os “integrados” que elogiam os mdcm.
Entre os motivos para criticar os mdcm, segundo os “apocalípticos” estariam:
*A veiculação que eles realizam de uma cultura homogênea (que não considera as diferenças culturais e padroniza o público);
*O seu desestimulo à sensibilidade;
*O estimulo publicitário (criando, junto ao público, nova necessidade de consumo – consumismo);
*A sua definição como simples lazer e entretenimento, desestimulando o público a pensar, tornando-o passivo e conformista.
Entre os motivos que estariam para elogiar os mdcm, apontados pelos “integrados”, estariam:
*Serem os mdcm a única fonte informação possível a uma parcela da população que sempre esteve distante das informações;
*As informações veiculadas por eles podem contribuir para a própria formação intelectual do público;
*A padronização de gosto gerada por eles funciona como um elemento unificador das sensibilidades dos diferentes grupos.
Os “apocalípticos” estariam equivocados por considerarem a cultura de massa ruim simplesmente por seu caráter industrial, não se pode ignorar que a sociedade atual industrial e que as questões estruturais tem que ser pensadas a partir dessa constatação.
Os “integrados” estariam errados por esquecerem que normalmente a cultura de massa é produzida por grupos de poder econômico com fins lucrativos, o que significa a tentativa de manutenção dos interesses desses grupos através dos próprios mdcm. Além disso, não é pelo fato de veicular produtos culturais que a cultura de massa deva ser considerada naturalmente boa, como querem os “integrados”.
12ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:
a)  – Explique a diferença entre os apocalípticos e os integrados.
b) – Cite e explique os motivos que levam os apocalípticos a criticarem os mdcm.
c)  – Que motivos levam os integrados a elogiar os meios de comunicação de massa?
d) – Por que os “apocalípticos” estariam equivocados em criticar os mdcm?
e)  – Por que os “integrados” estariam errados em elogiar os mdcm?

4.5. CULTURA, IDEOLOGIA, MDCM e ALIENAÇÃO

Tanto o conceito de cultura como o de ideologia tem como questão explicita ou implícita pensar a relação “idéias versus contexto”, isto é, como se relaciona o campo das idéias e das representações que os homens constroem sobre a sociedade (o chamado universo simbólico) e o campo da produção e reprodução material dessa sociedade.
Existe uma distinção e complexa relação entre a cultura e ideologia. De maneira geral, a critica que se faz ao conceito de cultura é a de que ele não trabalha satisfatoriamente com a questão da política, do poder. Com a relação ao conceito de ideologia, o que se contesta nele é a submissão que estabelece do simbólico ao econômico, como se o simbólico fosse uma mera reprodução jurídica, moral, ética, estética, dos preceitos econômicos de uma dada sociedade.
A cultura e a ideologia são dois elementos essenciais que estão relacionados à aspectos políticos e econômicos. Podemos encontrar em nossa sociedade modos de agir, pensar e sentir influenciados por determinações ideológicas, bem como, alterações ideológicas por influencias culturais.
Segundo o pensador marxista, Antônio Gramsci, em seu conceito de hegemonia, expressa a cultura como um processo social global, no qual os homens determinam suas vidas (sua forma de pensar, sentir, agir); e pensava na ideologia como um sistema de valores e significados que expressam ou projetariam os interesses de uma classe em particular.
Os meios de comunicação veiculam uma vida ideal – prazer, dinheiro, saúde, felicidade familiar, aventura, riqueza, juventude bonita e etc – a um público que, em sua grande maioria, não pode conquista-la. Por outro lado, as mensagens veiculadas parecem ter efeito de conformar a população a se satisfazer com imagens.
Os m.d.c.m., principalmente a televisão, vendendo imagens, idéias, valores e produtos, inacessíveis a maioria do povo, atuariam como um instrumento de alienação e conformidade das verdades e mentiras (que ser humano já não sabe distinguir). Esses instrumentos tentam manipular e controlar a opinião pública, reforçando a ideologia da classe dominante. Os programas jornalísticos passam informações fragmentadas sem a possibilidade de relacioná-los como se fossem coisas independentes: notícias de esporte, de política, economia, natureza, etc.
Como o consumo alienado não é um meio, mas um fim em si torna-se um poço sem fundo, desejo nunca satisfeito, um sempre querer mais. A ânsia do consumo perde toda relação com as necessidades reais do homem, o que faz com que as pessoas gastem sempre mais do que têm. Os m.d.c.m. contribuem para a estimulação artificial do consumo, que é a aquisição de objetos sem necessidades úteis: compra-se livro e você não lê, compra-se roupas que nem veste, etc.
 O próprio comércio facilita tudo isso com as prestações, cartões de crédito, liquidações e ofertas de ocasião, “dia das mães”, “dia dos pais”, “dia das crianças”, etc. O mercado usa a obsolescência programada para que o consumidor faça o rodízio de substituição de seus produtos, isto é, os produtos já tem um durabilidade programada e devem ser substituídos porque já quebrou ou porque seu design é antiquado.
A existência de grande parcela da população com baixo poder aquisitivo, reduzida apenas ao desejo de consumir, é conformada por um mecanismo da própria sociedade que impedem a tomada de consciência: as pessoas têm a ilusão de que vivem numa sociedade de mobilidade social e que, pelo empenho no trabalho, pelo estudo, há possibilidade de mudança, ou seja, “um dia eu chego lá...”, e se não chegam, “é por que não tiveram sorte ou competência”. 
Por outro lado, uma série de escapismos na literatura e nas telenovelas fazem com que as pessoas realizem suas fantasias de forma imaginária, isto sem falar na esperança semanal da Loto, Sena, jogo do bicho, rifas, bingos e demais loterias. Além disso, há sempre o recurso ao ersatz*, ou seja, a imitação barata da roupa, da joia, etc.
13ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:
a)  – Tanto o conceito de cultura quanto o de ideologia tem uma questão explicita ou implícita.
Explique esta questão.
b) – De maneira geral, qual a crítica que se faz ao conceito de cultura?
c)  – O que se contesta ao conceito de ideologia?
d) – Explique a relação entre cultura, ideologia, política e economia.
e)  – O que é consumo alienado?

 *ersatz - alemão - é substittuo ou imitação artificial e inferior.