3.1. FORMAÇÃO DA CULTURA BRASILEIRA
A cultura brasileira reflete
os vários povos que constituem a demografia desse país sul-americano: indígenas,
europeus, africanos, asiáticos, árabes, etc. como resultado da intensa
miscigenação e convivência dos povos que participaram da formação do Brasil
surgiu uma realidade cultural peculiar, que inclui aspectos das várias
culturas.
O substrato básico da
cultura brasileira formou-se durante os séculos de colonização, quando ocorre a
fusão primordial entre as culturas fundamentais da formação cultural brasileira
como a dos indígenas, dos europeus, especialmente portugueses, e dos escravos
trazidos da África subsahariana. A partir do século XIX, a imigração de europeus
não-portugueses e povos de outras culturas, como árabes e asiáticos, adicionou
novos traços ao panorama cultural brasileiro. Também foi grande a influência
dos grandes centros culturais do planeta, como a França, a Inglaterra e, mais
recentemente, dos Estados Unidos, países que exportam habitantes e produtos
culturais para o resto do globo.
4ª – ATIVIDADE. Responda em
seu caderno:
a) –
Explique como ocorreu a formação da cultura brasileira?
b) –
Cite alguns povos que contribuíram na formação cultural brasileira.
c) – Em
que período da história do Brasil se iniciou o substrato básico de nossa
cultura?
d) –
Quais são as culturas fundamentais que influenciaram e alicerçam basicamente a
cultura brasileira?
e) – O
que aconteceu a partir do século XIX na formação cultural brasileira?
f) –
Que países mais influenciam atualmente na cultura brasileira?
3.2. OS PORTUGUESES
Dentre os diversos povos que
formaram o Brasil, foram os europeus aqueles que exerceram maior influência na
formação da cultura brasileira, principalmente os de origem portuguesa.
Durante século XV o
território foi colonizado por Portugal, o que implicou a transplantação tanto
de pessoas quanto da cultura da metrópole para as terras sul-americanas. O
número de colonos portugueses aumentou muito no século XVIII, na época do ciclo
do ouro. Em 1808, a própria corte de D. João VI mudou-se para o Brasil, um
evento com grandes implicações políticas, econômicas e culturais.
A mais evidente herança
portuguesa para a cultura brasileira é a língua portuguesa, atualmente falado
por virtualmente todos os habitantes do País. A religião católica, credo da
maioria da população, é também decorrência da colonização. O catolicismo,
profundamente arraigando em Portugal, legou ao Brasil as tradições do
calendário religioso, com suas festas e procissões. As duas festas mais
importantes do Brasil, o carnaval e as festas juninas, foram introduzidos pelos
portugueses. Além destas, vários folguedos regionalistas como as cavalhadas, o
bumba meu boi, o fandango e a farra do boi denotam grande influência portuguesa.
No folclore brasileiro, são de origem portuguesa a crença em seres fantásticos
como a cuca, o bicho-papão e o lobisomem, além de muitas lendas e jogos infantis
como as cantigas de roda.
Na culinária, muitos dos
pratos típicos brasileiros são o resultado da adaptação de pratos portugueses
às condições da colônia. Um exemplo é a feijoada brasileira, resultado da
adaptação dos cozidos portugueses. Também a cachaça foi criada nos engenhos
como substituto para a bagaceira portuguesa, aguardente e derivada do bagaço da
uva. Alguns pratos portugueses também se incorporaram aos hábitos brasileiros,
como as bacalhoadas e outros pratos baseados no bacalhau. Os portugueses
introduziram muitas espécies novas de plantas na colônia, atualmente muito
identificadas com o Brasil, como a jaca e a manga.
De maneira geral, a cultura
portuguesa foi responsável pela introdução no Brasil colônia dos grandes
movimentos artísticos europeus: renascimento, maneirismo, barroco, rococó e
neoclassicismo. Assim, a literatura, pintura, escultura, música, arquitetura e
artes decorativas no Brasil colônia denotam forte influência da arte
portuguesa, por exemplo nos escritos dos jesuítas luso-brasileiro padre Antônio
Vieira ou na decoração exuberante de tália dourada e pinturas de muitas igrejas
coloniais. Essa influência seguiu após a independência, tanto, na arte popular
como na arte erudita.
5ª – ATIVIDADE. Responda em
seu caderno:
a) –
Que país europeu mais influenciou na formação cultural brasileira?
b) – Cite
e explique as principais influências portuguesas na formação cultural
brasileira na religião, no folclore, lendas, jogos, infantis e culinária.
c) –
Explique como ocorreu a colonização do território brasileiro por Portugal?
d)
– Qual a mais evidente herança portuguesa
para a cultura brasileira?
e) –
Qual origem da cachaça na cultura brasileira?
f) –
Cite e explique a influência literária e artística na formação cultural do
Brasil?
3.3. OS INDÍGENAS
A colonização do território
brasileiro pelos europeus representou em grande parte a destruição física dos
indígenas através de guerras e escravidão, tendo sobrevivido apenas uma pequena
parte das nações indígenas originais. A cultura indígena foi também
parcialmente eliminada pela ação da catequese e intensa miscigenação com outras
etnias. Atualmente, apenas algumas poucas nações indígenas ainda existem e
conseguem manter parte da sua cultura original.
A cultura e os conhecimentos
dos indígenas sobre a terra foram determinantes durante a colonização,
influenciando a língua, a culinária, o folclore e o uso de objetos caseiros
diversos como a rede de descanso. Um dos aspectos mais notáveis da influencia
indígena foi a chamada língua geral (língua geral paulista, Nheengatu), uma
língua derivada do Tupi-Guarani com termos da língua portuguesa que servil de
língua franca no interior do Brasil até meados do século XVIII, principalmente
nas regiões de influência paulista e na região amazônica. O português
brasileiro guarda, de fato, inúmeros termos de origem indígena, especialmente
derivados do Tupi-Guarani. De maneira geral, nomes de origem indígena são
frequentes na designação de animais e plantas nativos (jaguar, capivara, ipê,
jacarandá, etc.), além de serem muito frequentes na toponímia por todo o
território.
A influência indígena é
também forte no folclore do interior brasileiro, povoado de seres fantásticos
como o curupira, o saci-pererê, boitatá e a iara. Na culinária brasileira, a
mandioca, a erva-mate, o açaí, a jabuticaba, inúmeros pescados e outros frutos
da terra, além de pratos como os pirões, entraram na alimentação brasileira por
influência indígena. Essa influencia se faz mais forte em certas regiões do
país, em que esses grupos conseguiram se manter mais distantes da ação
colonizadora, principalmente em porções da região norte do Brasil.
6ª – ATIVIDADE. Responda em
seu caderno:
a) –
Explique as consequências da colonização europeia sobre os povos indígenas.
b) –
Explique a influência da língua indígena na formação cultural do Brasil.
c) –
Explique a influencia indígena no folclore brasileiro.
d) –
Cite a influencia da culinária indígena na cultura brasileira.
e) – Em
que regiões do Brasil se têm a maior influência cultural do povo indígena?
3.4. OS AFRICANOS
A cultura africana chegou ao
Brasil com os povos escravizados trazidos da África durante o longo período em
que durou o tráfico negreiro transatlântico. A diversidade cultural da África
refletiu-se na diversidade dos escravos, pertencentes a diversas etnias que
falavam idiomas diferentes e trouxeram tradições distintas. Os africanos
trazidos ao Brasil incluíram bantos, nagôs e jejes, cujas crenças religiosas
deram origem às religiões afro-brasileiras, e os hauçás e malês, de religião
islâmica e alfabetizados em árabe. Assim como a indígena, a cultura africana foi
geralmente suprimida pelos colonizadores. Na colônia, os escravos aprendiam o
português, eram batizados com nomes portugueses e obrigados a se converter ao
catolicismo.
Os africanos contribuíram
para a cultura brasileira em uma enormidade de aspectos: dança, música,
religião, culinária e idioma. Essa influência se faz notar em grande parte do
país; em certos Estados como Bahia, Maranhão, Pernambuco, Alagoas, Minas
Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul a cultura afro-brasileira
é particularmente destacada em virtude da migração dos escravos.
Os bantos, nagôs jejes no
Brasil colonial criaram o candomblé, religião afro-brasileira baseada no culto
aos orixás praticada atualmente em todo o território. Largamente distribuída
também é a umbanda, uma religião sincrética que mistura elementos africanos com
o catolicismo e o espiritismo, incluindo a associação de santos católicos com
os orixás.
A influência da cultura
africana é também evidente na culinária regional, especialmente na Bahia, onde
foi introduzido o dendezeiro, uma palmeira africana da qual se extrai o azeite
de dendê. Este azeite é utilizado em vários produtos de influências africanas
como o vatapá, o caruru e o acarajé.
Na música a cultura africana
contribui com os ritmos que são a base de boa parte da musica popular
brasileira. Gêneros musicais coloniais de influência africana, como o lundu,
terminaram dando origem à base rítmica do maxixe, samba, choro, bossa-nova e
outros gêneros musicais atuais. Também a alguns instrumentos musicais
brasileiros, como o berimbau, o afoxé e o agogô, que são de origem africana. O
berimbau é o instrumento utilizado para criar o ritmo que acompanha os passos
da capoeira, mistura de dança e arte marcial criada pelos escravos no Brasil
colonial.
7ª – ATIVIDADE. Responda em
seu caderno:
a) –
Explique como a cultura africana chegou ao Brasil?
b) –
Explique como a cultura indígena e africana foram suprimidas pelos
colonizadores?
c) –
Quais os principais Estados brasileiros onde se tem a maior influência da
cultura africana?
d) –
Explique a influência religiosa da cultura africana na sociedade brasileira.
e) –
Explique a influência da culinária africana na cultura brasileira.
f) –
Explique a influência da música e de instrumentos musicais africanos na cultura
brasileira.
3.5. OS IMIGRANTES
A maior parte da população
brasileira no século XIX era composta por negros e mestiços. Para povoar o
território, suprir o fim da mão-de- obra escrava mas também para
“branquear” a população e cultura
brasileiras, foi incentivada a imigração da Europa para o Brasil durante os
séculos XIX e XX. Dentre os diversos grupos de imigrantes que aportaram no
Brasil, foram os italianos que chegaram em maior número, quando considerada a
faixa de tempo entre 1870 e 1950. Eles se espalharam desde o Sul de Minas
Gerais até o Rio Grande do Sul, sendo a maior parte na região de São Paulo. A
estes se seguiram os portugueses, com quase o mesmo número que os italianos.
Destacaram-se também os alemães, que chegaram em um fluxo continuo desde 1824.
Esses se fixaram primariamente na região sul do Brasil, onde diversas regiões
herdaram influências germânicas desses colonos.
Os imigrantes que se fixaram
na zona rural do Brasil meridional, vivendo em pequenas propriedades familiares
(sobretudo alemãs e italianos), conseguiram manter suas costumes do país de
origem, criando no Brasil uma cópia das terras que deixaram na Europa. Alguns
povoados fundados por colonos europeus mantiveram a língua dos seus
antepassados durante muito tempo. Em contrapartida, os imigrantes que se
fixaram nas grandes fazendas e nos centros urbanos do Sudeste (portugueses,
italianos, espanhóis e árabes), rapidamente se integraram na sociedade
brasileira, perdendo muitos aspectos da herança cultural do país de origem. A
contribuição asiática veio com a imigração japonesa, porém de forma mais
limitada.
De maneira geral, as vagas
de imigração europeia e de outras regiões do mundo influenciaram todos os
aspectos da cultura brasileira. Na culinária, por exemplo, foi notável a
influência italiana, que transformou os pratos de massa e a pizza em comida
popular em quase todo o Brasil. Também houve influência na língua portuguesa em
certas regiões, especialmente no Sul do Território. Nas artes eruditas a
influência europeia imigrante foi fundamental, através da chegada de imigrantes
capacitados em seus países de origem na pintura, arquitetura e outras artes.
8ª – ATIVIDADE. Responda em
seu caderno:
a) –
Explique como ocorreu o processo de migração europeia para o território
brasileiro?
b) –
Quais foram os principais grupos de imigrantes europeus e onde basicamente eles
se instalaram colônias no território brasileiro?
c) – O
que aconteceu com os imigrantes que se fixaram na zona rural do Brasil
meridional?
d) – O
que aconteceu com os imigrantes que se fixaram nas grandes fazendas e nos
centros urbanos do Sudeste brasileiro?
e) –
Cite e explique a influencias das culturas dos povos imigrantes na cultura
brasileira como na culinária e artes.
4.1. CULTURA ERUDITA e CULTURA POPULAR
Ao
analisar o “Renascimento”, movimento cultural surgido no norte da Itália, nos
séculos XIV e XV, percebemos que ele estava ligado a uma determinada parcela da
população da Europa: a burguesia.
A burguesia era formada por
comerciantes que tinham como objetivo principal o lucro, através do comércio de
especiarias vindas do oriente. Esse segmento da sociedade conquistou não apenas
novos espaços sociais e econômicos, mas também procurou resgatar ou fazer
renascer antigos conhecimentos da cultura greco-romana. Daí o nome
Renascimento.
A burguesia não só assimilou
esses conhecimentos como, ainda, acrescentou outro, ampliando o seu universo
cultural. Por exemplo, ao tentar reviver o teatro de Sófocles e Eurípedes (que
viveram na Grécia antiga), os poetas italianos do século XVI substituíram a simples
declaração pela recitação contada dos textos acompanhada por instrumentos
musicais. Dessa forma, acabaram por criar um novo gênero a “ópera”.
Desde a sua origem, a
burguesia preocupou-se com a transmissão desse conhecimento a seus pares. A
partir daí, então, foram surgindo instituições como as universidades, as
academias e as ordens profissionais (advogados, médicos, engenheiros e outros).
Com o passar dos séculos e com o processo de escolarização, a cultura dessa
elite burguesa tomou corpo, desenvolveu-se com base em técnicas racionalistas e
científicas. Surgiu assim a cultura erudita.
Essa cultura “erudita”, ou
“superior”, também designada de “elite”, foi se distanciando da cultura, da
maioria da população, pois era feita pela e para a burguesia. Por isso, ao
pensarmos em cultura erudita, imediatamente concluímos que seus produtores
fazem, parte de uma elite política, econômica e cultural que pode ter acesso ao
saber associado à escrita, aos livros, ao estudo.
A cultura popular, por sua
vez, mais próxima do senso comum e mais identificada com ele, é produzida e
consumida pela própria população, sem necessitar de técnicas racionalizadas e
científicas. É uma cultura em geral transmitida oralmente, registrando as
tradições e os costumes de um determinado grupo social. Da mesma forma que a
cultura erudita, a cultura popular alcança formas artísticas expressivas e
significativas.
Vale ressaltar que, ao
afirmar que os produtores da cultura erudita fazem parte de uma elite não
significa dizer que essa cultura seja homogênea, é impossível definir cultura
erudita, porque não podem ser homogeneizados os elementos culturais produzidos
por intelectuais, fazendeiros, empresários, burocratas, etc. porém, é
igualmente impossível definir cultura popular, dada as populações culturais
diferenciadas de camponeses, operários, classe média baixa, etc.
De qualquer forma, não
podemos perder de vista que o espaço reservado na sociedade para cada uma das
duas culturas é bastante diferenciado, este é um dos aspectos que diferencia
essas duas culturas: enquanto a cultura erudita é transmitida pela escola e
confirmada pelas instituições (governo, religião, economia), a cultura popular
não é oficial, é a do povo comum, ela expressa sua forma simples de conceber a
realidade.
Não devemos esquecer que a
cultura é dinâmica, por isso, tanto a cultura popular quanto a cultura erudita
estão sempre, com maior ou menor intensidade, incorporando e reconstruindo
novos elementos culturais sem perder a sua essência expressiva.
9ª – ATIVIDADE. Responda em
seu caderno:
a) –
Explique a relação entre Renascimento e burguesia.
b) –
Explique por que a origem da cultura erudita está relacionada à burguesia?
c) – O
que é cultura erudita?
d) – O
que é cultura popular?
e) –
Qual o principal aspecto que diferencia a cultura popular da erudita?
4.2. CULTURA DE MASSA e INDÚSTRIA CULTURAL
A partir do final do século
XX, a industrialização em larga escala atingiu, também, os elementos da cultura
erudita (pertence a uma elite que pode ter acesso ao saber associado à escrita,
aos livros, ao estudo) e da cultura popular (aquela de senso comum produzida e
consumida pela própria população, sem necessita de técnicas racionalizadas e
científicas, transmitida oralmente, registrando as tradições e os costumes de
um determinado grupo social), dando inicio à “indústria cultural”.
O incessante desenvolvimento
da tecnologia, tornando-a cada vez mais sofisticada, principalmente nos meios
de comunicação (fotografia, disco, cinema, rádio, televisão, etc.), passou a
atingir um grande número de pessoas, dando origem à “cultura de massa”.
Ao contrário das culturas
erudita e popular, a cultura de massa não está ligada a nenhum grupo social
especifico, pois é transmitida de maneira industrializada, para um público
generalizado, de diferentes camadas socioeconômicas. O que temos, então, é a
formação de um enorme mercado de consumidores em potencial, atraídos pelos
produtos oferecidos pela indústria cultural. Esse mercado constitui, no que
chamamos de “sociedade de consumo”.
Com a industrialização dos
elementos da cultura erudita e da popular, o produto cultural irá se apresentar
de uma forma esteticamente nova e diferente. Podemos tomar como exemplo a
gravação de uma sinfonia de Beethoven executada com o auxilio de sintetizadores
e outros aparelhos de alta tecnologia, cujo ritmo e som diferentes, quase
original uma nova obra.
A
indústria cultural, utilizando-se dos meios de comunicação, primeiramente lança
seu produto em grande quantidade (milhares, milhões de discos, por exemplo) e
depois induz as pessoas a consumirem esse produto, apelando para outras razões
além de seu valor artístico.
A
cultura de massa, ao divulgar através dos MDCM produtos culturais de diferentes
origens (erudita ou popular), possibilita o seu conhecimento por diferentes
camadas sociais, criando também um campo estético próprio e atraente voltado
para o consumo generalizado da sociedade.
10ª – ATIVIDADE. Responda em
seu caderno:
a) – O
que é indústria cultural?
b) – O
que é cultura de massa?
c) –
Por que a cultura de massa não está ligada a cultura erudita e nem à cultura
popular?
d) –
Explique como os MDCM contribuem para a indústria cultural e a cultura de
massa?
e) – O
que significa a sigla MDCM? Cite exemplos.
4.3. M.D.C.M. – INSTRUMENTOS DE PODER
Vivemos nessa era
interligada em que pessoas de todo o planeta participam de uma única ordem
informacional uma situação que é, em grande parte, resultado do alcance
internacional das comunicações modernas. As transformações na mídia ou nas
comunicações de massa contribuem radicalmente na alteração da vida das pessoas
e suas relações no meio sociocultural.
Quando se fala em mídia de
massa ou comunicação de massa está se referindo a uma ampla variedade de formas
de meios de comunicação que abrange um volume de audiência enorme e que envolve
milhões de pessoas em toda uma sociedade moderna e globalizada como a nossa.
São m.d.c.m.: a televisão, os jornais, o cinema, as revistas, o rádio, a
publicidade, vídeos games, CDs, internet, celulares e etc.
A mídia de massa não pode mais
ser vista como um simples meio de entretenimento, como se fosse algo que não
interferisse na vida das pessoas; as comunicações de massa são instrumentos de
informação que influência em nossa forma de pensar e agir, atingindo o
comportamento individual, social, cultural e institucional; como o caso da
alteração de valores sociais dos jovens, as banalidades de questões sociais
(pobreza, desemprego, violência, corrupção) e a opinião pública (posicionamento
reflexivo e prático das pessoas em determinadas situações especificas sobre
questões socioeconômicas, política-jurídico e cultural-ideológica).
Os donos dos M.D.C.M. são os
novos donos de um poder moderno e tecnológico, pois eles têm em suas mãos
instrumentos que podem influenciar, controlar, manipular ou interferir nas
estruturas sociais, seja nas instituições sociais, econômicas ou políticas; a
mídia de massa tem dono, são grupos de pessoas que vivem de lucro, logo suas
empresas estão a serviço de seus interesses, que com certeza não é o da
sociedade como um todo. Os mdcm são os parceiros número um do capitalismo. A
mídia exerce seu poder de uma forma ideológica, camuflando suas intenções
através de várias apresentações de marketing sistematicamente e intensivamente
até “inculca” na cabeça das pessoas perspectivas alheias aos seus próprios
interesses isso acontece dentro de comerciais, novelas, filmes, desenhos,
programas, séries, telejornais ou jornais escritos, revistas, rádios e etc.
Quase imperceptível, principalmente aos olhos e ouvidos de pessoas sem
instrução intelectual.
11ª – ATIVIDADE. Responda em
seu caderno:
a) – O
que é viver em uma era de ordem informacional?
b) – O
que se entende por mídia de massa ou comunicação de massa?
c) –
Explique por que as mídias de massa ou os meios de comunicação não podem ser
mais vistos como um simples meio de entretenimento?
d) –
Quem são os novos donos do poder nesta sociedade da informação?
e) –
Explique como funciona o poder da mídia de massa sobre a sociedade?
4.4.
M.D.C.M: “APOCALÍPTICOS” x “INTEGRADOS”
Os
teóricos se divergem quando se fala da influência dos m.d.c.m na sociedade,
existem os apocalípticos, que são autores que criticam os meios de comunicação
de massa e, os “integrados” que elogiam os mdcm.
Entre os motivos para
criticar os mdcm, segundo os “apocalípticos” estariam:
*A veiculação que eles
realizam de uma cultura homogênea (que não considera as diferenças culturais e
padroniza o público);
*O seu desestimulo à
sensibilidade;
*O estimulo publicitário
(criando, junto ao público, nova necessidade de consumo – consumismo);
*A sua definição como
simples lazer e entretenimento, desestimulando o público a pensar, tornando-o
passivo e conformista.
Entre os motivos que
estariam para elogiar os mdcm, apontados pelos “integrados”, estariam:
*Serem os mdcm a única fonte
informação possível a uma parcela da população que sempre esteve distante das
informações;
*As informações veiculadas
por eles podem contribuir para a própria formação intelectual do público;
*A padronização de gosto
gerada por eles funciona como um elemento unificador das sensibilidades dos
diferentes grupos.
Os
“apocalípticos” estariam equivocados por considerarem a cultura de massa ruim
simplesmente por seu caráter industrial, não se pode ignorar que a sociedade
atual industrial e que as questões estruturais tem que ser pensadas a partir
dessa constatação.
Os
“integrados” estariam errados por esquecerem que normalmente a cultura de massa
é produzida por grupos de poder econômico com fins lucrativos, o que significa
a tentativa de manutenção dos interesses desses grupos através dos próprios
mdcm. Além disso, não é pelo fato de veicular produtos culturais que a cultura
de massa deva ser considerada naturalmente boa, como querem os “integrados”.
12ª – ATIVIDADE. Responda em
seu caderno:
a) – Explique
a diferença entre os apocalípticos e os integrados.
b) –
Cite e explique os motivos que levam os apocalípticos a criticarem os mdcm.
c) –
Que motivos levam os integrados a elogiar os meios de comunicação de massa?
d) –
Por que os “apocalípticos” estariam equivocados em criticar os mdcm?
e)
– Por que os “integrados” estariam errados em
elogiar os mdcm?
4.5. CULTURA, IDEOLOGIA, MDCM e ALIENAÇÃO
Tanto o conceito de cultura
como o de ideologia tem como questão explicita ou implícita pensar a relação
“idéias versus contexto”, isto é, como se relaciona o campo das idéias e das
representações que os homens constroem sobre a sociedade (o chamado universo
simbólico) e o campo da produção e reprodução material dessa sociedade.
Existe uma distinção e
complexa relação entre a cultura e ideologia. De maneira geral, a critica que
se faz ao conceito de cultura é a de que ele não trabalha satisfatoriamente com
a questão da política, do poder. Com a relação ao conceito de ideologia, o que
se contesta nele é a submissão que estabelece do simbólico ao econômico, como
se o simbólico fosse uma mera reprodução jurídica, moral, ética, estética, dos
preceitos econômicos de uma dada sociedade.
A cultura e a ideologia são
dois elementos essenciais que estão relacionados à aspectos políticos e
econômicos. Podemos encontrar em nossa sociedade modos de agir, pensar e sentir
influenciados por determinações ideológicas, bem como, alterações ideológicas
por influencias culturais.
Segundo o pensador marxista,
Antônio Gramsci, em seu conceito de hegemonia, expressa a cultura como um
processo social global, no qual os homens determinam suas vidas (sua forma de
pensar, sentir, agir); e pensava na ideologia como um sistema de valores e
significados que expressam ou projetariam os interesses de uma classe em
particular.
Os meios de comunicação
veiculam uma vida ideal – prazer, dinheiro, saúde, felicidade familiar,
aventura, riqueza, juventude bonita e etc – a um público que, em sua grande
maioria, não pode conquista-la. Por outro lado, as mensagens veiculadas parecem
ter efeito de conformar a população a se satisfazer com imagens.
Os m.d.c.m., principalmente
a televisão, vendendo imagens, idéias, valores e produtos, inacessíveis a
maioria do povo, atuariam como um instrumento de alienação e conformidade das
verdades e mentiras (que ser humano já não sabe distinguir). Esses instrumentos
tentam manipular e controlar a opinião pública, reforçando a ideologia da
classe dominante. Os programas jornalísticos passam informações fragmentadas
sem a possibilidade de relacioná-los como se fossem coisas independentes:
notícias de esporte, de política, economia, natureza, etc.
Como o consumo alienado não
é um meio, mas um fim em si torna-se um poço sem fundo, desejo nunca
satisfeito, um sempre querer mais. A ânsia do consumo perde toda relação com as
necessidades reais do homem, o que faz com que as pessoas gastem sempre mais do
que têm. Os m.d.c.m. contribuem para a estimulação artificial do consumo, que é
a aquisição de objetos sem necessidades úteis: compra-se livro e você não lê,
compra-se roupas que nem veste, etc.
O próprio comércio facilita tudo isso com as
prestações, cartões de crédito, liquidações e ofertas de ocasião, “dia das
mães”, “dia dos pais”, “dia das crianças”, etc. O mercado usa a obsolescência
programada para que o consumidor faça o rodízio de substituição de seus
produtos, isto é, os produtos já tem um durabilidade programada e devem ser
substituídos porque já quebrou ou porque seu design é antiquado.
A existência de grande
parcela da população com baixo poder aquisitivo, reduzida apenas ao desejo de
consumir, é conformada por um mecanismo da própria sociedade que impedem a
tomada de consciência: as pessoas têm a ilusão de que vivem numa sociedade de
mobilidade social e que, pelo empenho no trabalho, pelo estudo, há
possibilidade de mudança, ou seja, “um dia eu chego lá...”, e se não chegam, “é
por que não tiveram sorte ou competência”.
Por outro lado, uma série de
escapismos na literatura e nas telenovelas fazem com que as pessoas realizem
suas fantasias de forma imaginária, isto sem falar na esperança semanal da
Loto, Sena, jogo do bicho, rifas, bingos e demais loterias. Além disso, há
sempre o recurso ao ersatz*, ou seja, a imitação barata da roupa, da joia, etc.
13ª
– ATIVIDADE. Responda em seu caderno:
a) –
Tanto o conceito de cultura quanto o de ideologia tem uma questão explicita ou
implícita.
Explique esta questão.
b) – De
maneira geral, qual a crítica que se faz ao conceito de cultura?
c) – O
que se contesta ao conceito de ideologia?
d) –
Explique a relação entre cultura, ideologia, política e economia.
e) – O
que é consumo alienado?
*ersatz - alemão - é substittuo ou imitação artificial e inferior.
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